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Poemas de Lucas Menezes

Poemas falam com a alma e com o coração. Nos trazem alento e conforto quando ninguém mais conseguiu. Leia os encantadores poemas de Lucas Menezes Maida e veja a beleza e a paixão de uma forma diferente do que você viu até agora!

O seu sobrenome Lucas Menezes Maida

O seu sobrenome é uma coisa louca

Além de seu, ele sempre foi um pouco meu também

O seu sobrenome é uma poupa

Do tamanho de um Melro e tradicional como o Vintém



Eu o quero pra mim e pra quem vier depois de mim

Quero ser colonizado em meus terrenos

Sem míngua nem sobra

Nem uma letra a mais, nem um fonema a menos



Me diz como é que faz

Para apropriar esse substantivo próprio

Essa alcunha, esse "apellido", essa singularidade

Nenhuma palavra, da língua portuguesa, é capaz de adjetivar sua beleza

Eu quero o seu sobrenome na minha identidade



Todos os cartórios já estão avisados

Do Uruguai ao Suriname

Em qualquer parte do Brasil

Quero que o seu sobrenome me acompanhe



Dentre tantos

Silva, Souza, Alves, Santos

Esse substantivo, que ornamenta o teu de batismo

É um dos meus acalantos



Quantas vezes eu já peguei os seus morfemas

E combinei com meus poemas

Para ver se ele me faz bem ou me faz mal



Mas, o seu sobrenome

É maior que todos os livros lidos

Todos os sambas-enredos escritos

E todos os lírios crescidos no vendaval



Eu protegi teu sobrenome por amor

Mas nenhum codinome te veste tão bem

O seu sobrenome é encantador

E, se quiser, pode ficar com o meu também

Poemas de amor eterno
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Ela pra mim Lucas Menezes Maida

É a voz pro Cazuza

É a maquiagem pro Kiss

É a Ipanema pro Tom

É o peixe grande pro Tim



É o amarelo pra faixa

É o azul pro céu

É o preto pra Pérola

É a independência pro Padre Miguel



É o verde pro Marcelo

É o espelho pro João

É a onda pro Cassiano

É a sétima corda pro violão



É a palhetada pro Hendrix

É a margem pro Ferréz

É a cor pro Djavan

É o improviso pro Jazz



É o breque pra bateria

É o Patriarca pro Vantuir

É o templo pra Udaipur

É o tempo pro Dalí



É o cortiço pro Aluísio

É a água pra Dona Celestina

É a viola pro Paulinho

É a cuíca pro China



É a serotonina pro químico

É a anatomia pra Meredith

É a fruta pro Arcimboldo

É o cachimbo pro Magritte



É o morro pro Bezerra

É a ginga pro malandro

É a área pro Romário

É a Pessoa pro Fernando



É o líquido pro Bauman

É o instrumento pra seresta

É o sereno pro boêmio

É a poesia pro poeta


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Os poetas Lucas Menezes Maida

- Um velho sábio já dizia:

“É preciso comprar arroz e flores

Arroz para viver e flores para ter pelo que viver“



- Outro velho sábio também já dizia:

“A rosa já é perfumada por si só”

Por que então fazer poesia

E falar tanto do perfume da rosa?



- Tem gente que não sente esse cheiro

E só os poetas podem descrevê-lo

Só eles desluzem moinhos de vento

Só eles estão nus e sós ao meio dia

É o exagero de Cazuza

Que graça teria se não fosse assim?



- Seriam então os poetas

Velhos sábios

Que sempre “já diziam”

Ou apenas agentes catalisadores da ignorância?



- Enquanto estudamos isso

Eles vivem isso

Transformam o tédio em melodia!

Todo amor que há nesta vida

É inventado



- Mas, o que diferencia as poesias românticas

Se todas tratam de amor?



- Quadros pintados no mesmo quarto

Momentos artísticos diferentes



Ah, os poetas...

Nós rimos; eles rimam

Se choramos; viramos verso



É como a diferença

Entre a História e a Literatura

Uma conta o que aconteceu

A outra, o que poderia ter acontecido



- A poesia é o libertar?



- Estamos todos presos

Uns mais que os outros

Uns condenados

Outros achando que são livres



- Do que se trata então a poesia?



- Não é catar feijão ou caçar em vão

Mas

A poesia mostra que certas coisas só se resolvem na mão

No fim, os poetas não falam sobre nada

E, assim, falamos sobre tudo


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Capitão Lucas Menezes Maida

Que você sinta fome

Mas, sempre de bola



Que você faça falta

Mas, nunca na escola



Que você coloque os adversários no bolso

Mas, nunca as coisas dos outros



Que você faça gols de placa

E, nunca desmanche um Gol sem placa



Que você seja o capitão

Nunca, o olheiro



Que a festa na favela acabe em gols

Nunca, em tiroteio



Que você seja quem quiser ser

Buarque com Luiz Gonzaga

Ataque com juíz com zaga



Que você frequente o campo e a concentração

Mas, nunca os dois juntos



Que você seja o primeiro na capital

No Brasil e no mundo



Que você seja o capitão

Nunca, o Nascimento

Tampouco do Mato



Que você fique livre

Da marcação

Da Fundação, da prisão

E do fardado



Que a única coisa que você precise roubar

Seja a bola do adversário



Que você tenha problemas no vestiário

Mas, nunca no vestuário



Que o seu esporte predileto

Seja o mesmo do Nazário



Que você molhe a camisa

De suor, nunca de sangue



Que a única coisa organizada que você veja

Seja a torcida



Que você seja artilheiro

Mas, nunca faça parte da artilharia



Que você fure bloqueios

Nunca moletons



Que você use colete

Nunca à prova de balas



Que você seja assunto na mesa redonda

Mas, nunca na quadrada



Que você seja o capitão

Nunca, o tenente



Que você arme jogadas

E, nunca as quebradas



Que você viva com a bola no pé

E, não morra com a bola no pé



Que você arraste as chuteiras no chão

Mas, nunca o grilhão



Que você bata tiros de meta

Mas, não tenha os tiros como meta

Tire-os da reta



A bola perdida...

A bala perdida…



Que você encontre a bola de bico

E, nunca receba a bala na bica


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Ministério da Defesa Lucas Menezes Maida

Minha ministra

Volte ao confessionário

Saiba, antes de se sentar nesta cátedra

Que o azul e o rosa saíram do mesmo armário



Meu ministro

Não viva no mundo da lua, com enfaro

Saiba, antes de pilotar este impávido colosso

Que na calça da Classe C, ninguém achou o bolso raro



Minha ministra

Cuidado com a boca

Será que é por conta de as relações serem exteriores

Que vocês se importam tanto com a nossa roupa?



Meu ministro

Esqueça os canhões

Se a mentira tem perna curta

Como que o governo dá pedaladas em milhões?



Meu povo

Toma cuidado com o grito dos maus

E, principalmente, com o silêncio dos bons

Somos a teoria prática do caos

Acredita, não queremos furar moletons



Meu povo

Importa-te com Rachel de QUEIROZ

E verás que “O Quinze” está entre o 13 e o 17

Importa-te com Érico Veríssimo

E verás que a paz lá em Antares é confete

Os parlamentares? Manchete!



Este mundo dá mares

Para além do Bojador

Entre homens sérios, hemisférios, revertérios

Critérios, ministérios, mistérios

Minerais e minérios

Desta igualdade não temos mais penhor

Confundiram um povo heróico com um brado e um tambor


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Galimatias e discursos verborrágicos Lucas Menezes Maida

Um amor de rimas fáceis, calafrios

Ininterpretável como “Las Meninas” de Velásquez

Um amor de rios, rios e Rios

Daquelas cantarolagens que espanta os males

(Eu te...)



Você não consegue recitar sem me excitar

Cantar sem me cantar

Rir sem me sorrir

Mirar sem me flechar

(Eu te...)



É Nando e Cássia, no mesmo ritmo, tocando relicário

É antídoto marítimo, no vai e vem que traz curas

É uma tarde em Itapuã sem fuso horário

É Dom Casmurro com o Emplasto Brás Cubas

(Eu te...)



Olhares 43, dias 15, tamanhos 13

Amor ao acaso, 204

Como um encontro inesperado

Em uma impressora de trabalho

(Eu te...)



Amei teus melasmas

Plantei tuas Astromélias

Conheci as imperfeições

Fiz delas perfeições

Transformei meu dicionário em Aurélia

(Eu te...)



Você é um rio de Janeiro

E eu; um rio de Março

Riu de mim quando me queimei no mormaço

O seu rio é mais legal, mas é no meu que faço aniversário

(Eu te...)



Nesta embarcação, eu me encontrava a bombordo

Enquanto tu, a estibordo

Uma tempestade da cor dos seus olhos

Transbordou a caravela de escordo

(Eu te...)



Corri chão e cruzei mar, deixei-me levar pelo ar

Usei de fonemas bilabiais para te deletrear

Essas coincidências semânticas alveolares

São o verdadeiro significado do verbo “amar”

(Eu te...)



Você virou Tu

Tudo ficou íntimo, mas ainda doeu

Queria te conjugar mais uma vez

Para que Tu virasse Eu

(Eu te...)



Todas essas verborreias em desengano

Galimatias inúteis de se ler

Todo esse clichê, démodé e blasé

É para falar que eu amo você

(Eu te amo)


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Vigente Lucas Menezes Maida

Tenho preocupações

Sobre o esgotamento da água

Sobre o esgoto a céu aberto

Sobre o Ser Humano e suas mágoas

Sobre o planeta descoberto



O que é potável?

O que é postável?

Depende do filtro...



Tenho cismas

Sobre o presidente eleito

Sobre o futuro da nação

E, a cada sonho REM, quando deito

Sinto que estou perdendo minha religião



Popularizou-se o termo “mimimi”

As ficções são baseadas em fatos reais

E o tempo em que Don Don jogava no Andaraí

Não volta mais



Quer estudar arte? Banksy

Quer fazer arte? Banque-se

Quer apagar arte? Eleja-se

Quer ouvir arte? Elis, já sei!



Mas não quero lhe falar

Das coisas que aprendi nos discos

Tanta coisa aconteceu (creio eu)

A música, hoje, toca na TV e sem chuviscos



Ficou na moda gostar de Raça Negra

Mão criminosa virou mão boba

Nosso discurso ficou limitado aos 15 segundos

E Pronome de Tratamento virou “@”



Quem pensa no tempo também ganha tempo

O futuro do presente me assusta mais que o do pretérito

Lamento...

O futuro presidente vê tortura e faz honra ao mérito

Tormento…

Inquérito...



Luar muda com a maré

Lembrar? Pra quem do futuro é

Vovó firmou na tina

O futuro vai ser ruim da cabeça e doente do pé



Vi gente roubar para comer

Vi gente avisando perigo na esquina

Vi gente roubar por querer

Vi gente do mal sendo bem-vinda



Amanhã foi um dia difícil e ontem será mais ainda


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Personificação Lucas Menezes Maida

(A maior concentração de beleza possível em um rosto humano)



A coloração dos olhos

Verde cristalino

É a matiz do mar de Andaman

Da ilha Koh Phi Phi



Seu nariz, por conseguinte

Constitui uma pirâmide nasal

Fazendo com que Gizé, Quéfren e Quéops

Pareçam construções amadoras

Com ângulos imperfeitos



Já os seios faciais

Nos faz lembrar a hipsometria dos estudos cartográficos

A maçã do seu rosto é o verdadeiro fruto do paraíso de Éden

Representando o primeiro alçar voo de uma borboleta



Seu maxilar, queixo, e toda a mandíbula

São bem definidos

Como os versos do classicismo

Em busca pela sua perfeição estética

São a personificação da coroa, da culaça

E do rondiz de um diamante



Suas cutículas pilosas compõem um cabelo

Que transcende a definição de louro ou moreno

Assemelhando-se às ondas estacionárias da física

Que no surfar dos dedos se transformam

Em maré serena regida por Iemanjá



Por fim, seu sorriso…

É o Sorriso Aberto de Jovelina

O Sorriso de Criança de Ivone

Pigmentado e tingido pela cobertura de neve

Das esbranquiçadas cordilheiras e alpes suíços

É como um piano de cauda Steinway sem os sustenidos e bemóis


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Crimes que eu não considero Lucas Menezes Maida

Furtar para comer

Flores roubadas

Errar o vernáculo

Redarguir o delegado

Desconsiderar crimes


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Harmonia em acrasia Lucas Menezes Maida

Éramos Portela e Mangueira

Passarela e bandeira

Mestre sala, quarto, porta e banheira

Eu, súdito como as nuvens para o céu

Ela, Independente como Padre Miguel



Desde Nenê que eu sou assim (e quem sofre é o tamborim)

Gosto do sereno, ir pra roda cantar

Planta do pé no asfalto, Partido Alto

Então aproveite o recuo da bateria e Vai-Vai Vadiar



O Tom foi menor do que eu esperava

Mas bastou

Meu olhar X9 me dedurou

E, se chove no sambódromo,

É porque Deus regou

O jardim de minha escola é só amor



Quem ama seus males espanta

E na Flor da Mocidade, bem Jovelina

A ladra que guarda a minha quadra

Minha Pérola Negra, minha sina

Foi um rio que passou na avenida



O “quaiscalingudum” de um coração partido faz cavaco chorar

É o Império de um apartidário político

Soa alto como um bom partido

E faz a dispersão sambar



Quando as platinelas do pandeiro entortarem

E o gorgurão da cuíca secar

Você talvez perceba

Que eu era pimenta demais pro teu vatapá



Sonho de bamba, pesadelo de valsa

Brisa boa, ar lindo, cruz, luz e vela

Ao mesmo tempo em que colore o meu pavilhão

Você mancha a minha faixa amarela



Somos Portela e Mangueira

Alegria na quarta-feira

Mas não te faço carnaval

Pois carnaval é fevereiro

Faço-te pagode para o ano inteiro



Quando ela diz que Samba é o meu único assunto

Eu respondo quaisquer quais quais

E firmo:

“É lindo quando dois grêmios ganham juntos”


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Se achas/Desabafo de poeta Lucas Menezes Maida

Se achas que minha rima te liberta

Mal sabes o quanto ela me prende

O meu coração disserta

A minha razão é que, ao verso, se rende



Se achas que minha métrica te folega

Mal sabes o quanto ela me sufoca

É como um ato que segrega

É como cachecol pra carioca



Se achas que minha gramática te alenta

Mal sabes o quanto ela me amarra

É como beleza externa, aparenta

E a interna, uma eterna algazarra



Então, por que nós, poetas, escrevemos?

Pois os que leem se sentem bem

Não pelos amores que nós temos,

Mas pelo o que eles não têm


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Romance Analfabeto Lucas Menezes Maida

Eu sabia seu ponto “G”,

Mas na hora “H” do dia “D”

Um plano “B” que improvisei

Veio a calhar



Apertei a tecla “F”

E num blefe disse “Mova-se”

Eu só volto quando eu for seu plano “A”’



Resolvi me despedir, vou por aí

Vou botar o pingo no “I”

E deixar um “Q” de saudade



Assim ela ficando só

Talvez perceba que é o “Ó”

Não ser amado de verdade



Seu corpo era uma curva em “S”

Sua boca, o quociente em fração

Seu coração inconsequente

Bombeava sangue quente

Seu consciente era o “X” da questão



Todo dia ao amanhecer

Ela era vitamina “C”

E aumentava a minha imunidade



Era azeite de dendê

Mas eu quis Vitamina “D”

Sair na rua e tomar sol pela cidade



Dentre “N” opções

Entre bares, corações

Rodas, amigos e canções

Eu te escolhi



Esse B.O não é mais meu

Eu não plantei o que tu deu

Pra tá colhendo o que eu colhi



Seu corpo era uma curva em “S”

Sua boca, o quociente em fração

Seu coração inconsequente

Bombeava sangue quente

Seu consciente era o “X” da questão

Poemas sobre o significado do amor
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Mariana Lucas Menezes Maida

Quando eu vi Mariana

Na sua forma mais linda

Não percebi que ainda

Estava cercada em liberdade



Eu, que bebia na sua fonte

Carrego escombros túrbidos

E os meus ombros úmidos

Se enfraquecem de saudade



O Sol que arde dentro de nós

Justifica essa sobrecarga

A foz, a voz, avós a sós

Inundam essa vida amarga



Se, no seu passo tímido, eu encontrei paixão

É porque seu ritmo me engana

Rio doce que me afoga de sal, hipertensão

A vida insiste em continuar, Mariana



No seu vestido terracota escuro

Eu escorri como dois rios inteiros

Sem direção, contramão

Ação de um empreiteiro



Você virou minha obra mais bela, Mariana

Construída pelo Pai, pela Mãe

Pelo Espírito Santo

Amém e amem

Destruiu hectares de acalanto



O que restou da nossa vida leve

Vida louca, vida breve?

Leva uma vida bela

Como uma chuva que escreve



Eu sem você, Mariana

É uma família sem casa

É uma cidade sem água

É uma nódoa sem mágoa



É um pescador sem o peixe

Agricultor sem o feixe

Um Índio sem tribo

Farinha sem trigo



Mariana foi um rio que passou em minha vida

Assim, efêmera, líquida

Não mais insípida, tampouco incolor

Inodora, e agora?

Mariana, você roubou o meu amor

Versos e prosas para namorados
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Meio bossa nova e rock'n'roll Lucas Menezes Maida

Ela é uma Blitz na hora do Rush

No meio da Highway to Hell

De veludo com um revólver

Aponta a escada para o céu



Quer seu nome brilhando em Led

No corpo de um Zeppelin

E uma placa Metallica

Escrito “eu te quero só pra mim”



Ela discute signos, sou peixes

Dead Fish nas Águas de Março

Ela é Scorpions, decidida

Leva a sério, mas eu disfarço



Minha Queen mal sabe

Que Ultrajes rigorosos não me comovem

Ela me xinga, eu respondo: “U2”

E continuo sendo um Bon jovem



Mas eu lhe dou um Kiss

A gente esquece as Guns

Foca nas Roses

Que Ogum exime os afãs



Quando tudo estiver Red e Hot

Ela atinge na minha cama

O bpm da MPB

E o estado de Nirvana



Fica tudo no Bem Bom

Toco um love song

Acabou o chorare

You shook me all night long



Seu Nelson Motta deu a nota

Que hoje o som é rock'n'roll

E esse clipe sem nexo

Faz parte do meu show


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Rei de Roma Lucas Menezes Maida

Nunca vou decifrar os enigmas do universo

Tudo pode ser uma falácia

Nunca vou saber os motivos que unem versos

Por rimar em apenas uma galáxia



Se o mundo é redondo

O último já está na frente do primeiro

E se o mundo dá voltas

A posição não importa

E não muda o roteiro



Sou a tempestade em copo d’água

Por ser um fenômeno intenso

Em um recipiente pequeno

Sou a hipérbole das minhas mágoas

Por escrever o que penso

E destilar meu veneno



Desconfie de tudo

Até a palavra “oxítona” é proparoxítona

Desconfio de todos

Mesmo que a reverência soe uníssona



“Em cima do muro” já não é mais o termo

Pois não sabem se constroem ou se destroem

Indeciso, sem partido e sem governo

Vendo reinos em ruínas de ratos que se roem



É preciso choro para ter vela

É preciso ter muita boca para ser o rei de Roma

O rei do morro tem todas e não saiu da favela

E o rato roendo a roupa de quem não tem diploma



A carne tem papelão

Mas não é o mesmo do morador de rua

Pois ele dorme no chão

E a verdade nunca foi tão carne crua



Falsos ativistas atravancando caminhos

São cordeiros em pele de lobo

Mostrando ser o que não são para a mídia

Mais falso que carta arrependida de ator da Globo



Passo por passo, marcha a opressão

Eles andarão, nós Andorinha

Adoraria que a minoria fizesse verão

Só para o inverno sair de linha


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À mesma Lucas Menezes Maida

À mesa uma taça e ao lado o barril

Dois corpos se amando e se protegendo do frio

No inverno é sereno, diferente do verão

Junto ao calor, foi-se a paixão



À mesa o jantar e no centro um queijo

Um corpo se lembrando do primeiro beijo

Ele tinha o véu, mas ele tem o inverno

Tradicional sommelier a sós com seu terno



Na adega o tinto francês, o branco e a esperança

No coração invernal a eterna lembrança

Mais uma dose, observando Marseille pela janela

Olha para a porta, mas nunca vinha ela



Ele relação com seu interior

Ela relações internacionais

Ele escrevendo sobre amor

Ela escrevendo jornais

Ele saúde, ela santé

Ele tinto, ela rosé

Ela mal acompanhada, ele sozinho

Ela vinha, ele vinho


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Carta de amor Lucas Menezes Maida

Ridícula igual todas as outras

Esdrúxula igual Álvaro um dia escreveu

É ridícula por ser de amor

E digna de quem já sofreu



Escrevo mesmo assim

Sem vergonha de ser patético

Cético a ponto de acreditar

E acreditando a ponto de ser cético



Você me fez voar mais alto do que Dumont

E escrever melhor do que Drummond

Eu sei que vou te amar em cada despedida

Mais do que a música do Tom



Ave de rapina, sofisticada como anis

Minguante como 1/3 da lua

Depois de 14 beijos, eu pedi bis

E lembrei ¼ de você nua



Estudei as três do romantismo

Para chegar à fase que estou

Inexplicável e surreal como Ismália

Que por um sonho se jogou



Vivo a “Lira dos Vinte Anos”

Cantando a “Canção do exílio”

Boêmio urbano

Postiço como um cílio



Descartável igual flecha

Fiz cego ver, milagre de um cupido

Dancei com o seu cabelo

E te ganhei com uma fala mansa ao pé do ouvido



Prometi a mim mesmo

Que não ia escrever uma carta de amor

Mas escrevi, não só para depor

Mas para não ser

Ridículo


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Entre tópicos e trópicos Lucas Menezes Maida

Garota carioca, o seu rosto é Laranjeiras

Sua pele que me toca, o teu corpo é Mangueira

Curva

Da Urca, gira enfeitiçada da Tijuca

Que girou

Me sinuca, me truca

Pede 6

E desce do Troncal 3

Eu quero 12

Você na areia fazendo pose



Outro close, escolhe qual foto que você quer

Não quero um romance igual o do Buscapé

Quero jongo à luz do luar, sal e o sol que me consome

Quero escola de samba, mas sem Beija-Flor de codinome



É por mim, por você, por Ogum e Iansã

É pela terra, pela carne, pelo samba no morro

Vou guardar o seu amor toda manhã

Com senha e corrente num cofre boca de lobo



Do topo da favela numa varanda

Penso em uma sacada pra te impressionar

Uma que te deixe mais contente

Do que qualquer uma de frente pro mar



Entre caminhos e passeios pela orla

Ela é prata como a areia que pisamos

Dois pássaros soltos da gaiola

Presos na liberdade que criamos



Somos todos um bando de perdidos

Nos encontrando nos desencontros

Procurando, em lojas 24 horas, livros já lidos

Com finais de frases sem três pontos



Entre tópicos e trópicos, quero andar aí

Estar aí, de Cosme Velho até o Andaraí

Ver o Pôr do sol tingido de laranja, resfriando o calor

No asfalto de Ipanema, indo pras pedras do Arpoador



Ela é tão preto e branco, mas cheia de cor do lado

Um amor panóptico de cima do Corcovado

E a cidade não estava mais cinza

O Cristo rasgou as nuvens do céu nublado


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O infinito do infinitivo e a participação do particípio Lucas Menezes Maida

O mar e o céu

O néctar e o mel

O “amar” e o véu

O particular e o infiel

O linguajar e babel

O ar e o corcel

O bar e o chapéu

O surtar e o cruel

A chegada e a partida

A estrada e a avenida

Abalada e abatida

A parada e a corrida

A amada e a traída

A Kahlada e a Frida

A curada e a ferida


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Vanguarda Lucas Menezes Maida

Substantivo feminino

Com todas as fases da literatura

Seu corpo é só poesia

E por isso prende a minha leitura



Seu cabelo, reticências

Suas pernas, versos prontos

Sua boca é uma cantiga

Suas pintas são os pontos



Uso a língua para marcar suas páginas

Torno meu hábito mais prático

Não deixo a sua aventura chata

Como um livro didático



Quero ler seu corpo desde as orelhas

Desde a contracapa até o prefácio

Sem ordem, objetivo e simples

Naturalista como José Bonifácio



Suas antíteses barrocas

Dividem meu desejo

Quero os prazeres mundanos

De tudo que eu vejo



A salvação está na paz bucólica

No “Fugere Urbem” do Arcadismo

Sua respiração é o Carpe Diem

Que me deixa à beira do abismo



Seus olhos simbolistas

Transcendem o surreal

Faz-te arte pela arte

Parnasiana, rigor formal



Capítulos divididos

O miolo eu sei de cor

Por isso que lhe traduzo

Em redondilha maior



Não te faço um haicai

Pois isso não lhe transcreve

Faço de ti um texto longo

Com conteúdo leve



Seu corpo é um manifesto

Estruturado em cada etapa

Em cada vírgula

Ah, se eu tivesse julgado pela capa...

Poemas sobre a vida
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