Poemas de Oswald de Andrade
Oswald de Andrade faz parte dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro, sua participação na Semana de Arte Moderna em 1922 foi notória. Confira alguns de seus principais poemas.
Cidade Oswald de AndradeFoguetes pipocam o céu quando em quando
Há uma moça magra que entrou no cinema
Vestida pela última fita
Conversas no jardim onde crescem bancos
Sapos
Olha
A iluminação é de hulha branca
Mamães estão chamando
A orquestra rabecoa na mata
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Bonde Oswald de AndradeO transatlântico mesclado
Dlendlena e esguicha luz
Postretutas e famias sacolejam
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Biblioteca nacional Oswald de AndradeA Criança Abandonada
O Doutor Coppelius
Vamos Com Ele
Senhorita Primavera
Código Civil Brasileiro
A arte de ganhar no bicho
O Orador Popular
O Pólo em Chamas
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Meus oito anos Oswald de AndradeOh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões
Da cocaína da infância
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia
Em roda de minha casa
Que os anos não trazem mais
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
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Pronominais Oswald de AndradeDê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
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Metalúrgica Oswald de Andrade1300° à sombra dos telheiros retos
12000 cavalos invisíveis pensando
40 000 toneladas de níquel amarelo
Para sair do nível das águas esponjosas
E uma estrada de ferro nascendo do solo
Os fornos entroncados
Dão o gusa e a escória
A refinação planta barras
E lá embaixo os operários
Forjam as primeiras lascas de aço
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Alerta Oswald de AndradeLá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira
Eles querem matar todo amor
Corromper o pólo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem do flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade
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Canto de Regresso à Patria Oswald de AndradeMinha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os pássaros daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
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Pero Vaz de Caminha Oswald de AndradeA descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
Os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
Primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
As meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
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Fotógrafo Ambulante Oswald de AndradeFixador de corações
Debaixo de blusas
Álbum de dedicatórias
Marquereau
Tua objetiva pisca-pisca
Namora
Os sorrisos contidos
És a glória
Oferenda de poesias às dúzias
Tripeça dos logradouros públicos
Bicho debaixo da árvore
Canhão silencioso do sol
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O capoeira Oswald de Andrade— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
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Vício na fala Oswald de AndradePara dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
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O gramático Oswald de AndradeOs negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou.
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Barricada Oswald de AndradeTodos os passarinhos da Praça da República
Voaram
Todas as estudantes
Morreram de susto
Nos uniformes de azul e branco
As telefonistas tiveram uma síncope de fios
Só as árvores não desertam
Quando a noite luz
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Erro de português Oswald de AndradeQuando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
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