Frases de cronistas brasileiros sobre o racismo
Há quem acredite que no Brasil não haja racismo. Porém a nossa sociedade reproduz cotidianamente o preconceito, até mesmo na linguagem. Nosso ilustre e mundialmente conhecido escritor Machado de Assis, de forma brilhante, já naquela época, alertou para o preconceito e foi seguido por Lima Barreto, Rubem Braga, Antonieta de Barros, Rachel de Queiroz e outros. Em todas as décadas, muitos utilizaram as palavras como instrumento de luta antirracial, pois vivenciamos um racismo estrutural e latente, que é vigente e perpetuado. Conheça alguns pensamentos sobre o racismo no país por meio de frases de cronistas brasileiros. Reflita, compartilhe e mude comportamentos contra essa vergonha desumana!
Periferia e favela Lima Barreto“Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e santuários em outros pontos do Rio de Janeiro.”
Perante a lei e para a arrecadação de impostos, todos são iguais. Estamos todos sujeitos às mesmas regras. Entretanto quem, em maioria, habita as regiões periféricas e as favelas são os negros. Essa parte da população tem poucas oportunidades, recursos e possibilidades de ascensão, vivendo à margem da sociedade, que, depois da abolição, escraviza por meio da pobreza e da discriminação.
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Uma playlist para lembrar uma das maiores representantes do movimento negro!
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Ser negro Ruth Guimarães“Nós precisamos saber da raiz negra de onde viemos. A história negra está por fazer, a literatura negra está por fazer, a poesia está por fazer.”
Os negros são discriminados de diversas formas. Durante muito tempo, imperou o padrão branco: na beleza para pessoas, bonecas, vestuário; na literatura; entre outros. O Brasil é um país mestiço. A maioria não é de brancos. É hora de perceber que há uma raiz negra que nos distingue e nos fortalece, exatamente por saberes, sentimentos profundos e visões que precisam emergir para escrever uma história que mostre a verdadeira riqueza do nosso jeito de ser, uma nação plural e rica na forma de pensar.
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Educação para todos Antonieta de Barros“(...) Dizemos felicidade porque, à sua Excelência, falta uma das qualidades de professor: não distinguir raças, nem castas, nem classes (...).”
Dissemine o respeito ao ser humano entendendo que somos um
A educação reproduz o racismo no país, quer inviabilizando o acesso dos negros pobres aos níveis superiores de ensino, fazendo perdurar a situação de distinção de raças e de classes sociais, quer reforçando e indicando títulos de produção literária branca e elitista. Para incluir temos o sistema de cotas, controverso porque ele traz em si uma cisão no ato de se autonomear branco ou negro. Ele explicita, na polarização, um preconceito real e latente. Mas o preconceito na escola vai além desse sistema!
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“Rainha das Mulatas” Rachel de Queiroz
“ (...) Houve um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso ‘rainha das mulatas’. Mas a distinção só valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência dos homens.”
A “rainha das mulatas”, a mulher-objeto negra, desvinculada de sua capacidade intelectual, é um conceito que vem sendo modificado pela luta e exemplo de Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Marilene Felinto e outras, fundamentais para mostrar que essa mulher é múltipla, muito além de um corpo escultural.
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Diálogo racista Luiz Fernando Verissimo
“(...) E enquanto o negro conhecer o lugar dele, nunca vai haver racismo no Brasil. Está entendendo? Nunca. Aqui existe o diálogo.”
Há quem acredite que no Brasil não exista racismo. No entanto, a nossa história começou como colônia escravocrata e reproduz ao longo dos anos a dominação branca encoberta pela falsa ideia de que aqui temos diálogo. Quando o diálogo começa argumentando sobre o “lugar do negro”, percebemos claramente que ele é a reprodução da ideologia dominante e, portanto, colabora com a manutenção do racismo enraizado que vivemos. É bom lembrar que, como ser humano, cada um é livre para ocupar o lugar que escolher!
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Racismo estrutural Rubem Braga“E como ainda estamos perto de tudo isso, dessa rotina torpe de cativeiro, como é recente e pesado esse passado do Brasil, como tudo é opressor, os muros, os ferros, as gordas igrejas barrocas, as pedras, o barro das taipas e adobes.”
Desperte a consciência geral com mensagens contra o racismo
O Brasil tem um racismo histórico, presente no cotidiano, na língua, nas construções de antigas fazendas, na ideologia e infelizmente numa passagem de quase 300 anos da própria história. A nossa sociedade foi feita dessa forma, mas precisa ser diferente, mais humanitária e mais evoluída. O passado não pode ser apagado, entretanto deve ser ofuscado por um presente e um futuro mais brilhantes e inteligentes.
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Força negra Cidinha da Silva
“Sou negra, isso precede qualquer coisa. Sou uma escritora que tem posição política sobre as coisas e sobre o mundo.”
Ser negro neste país precede qualquer coisa porque aqui há racismo, ainda que não declarado como é em outras nações. Há discriminação, acesso limitado, menos-valia à capacidade intelectual, tudo fruto de uma ideologia desumana e equivocada, voltada ao darwinismo social. Darwin, por sua vez, nem remotamente estabeleceu algo assim. Contudo vem despontando o ser pensante, político e social que é e sempre foi qualquer pessoa preta, incluindo muitas mulheres exemplares e poderosas para mostrar a força negra.
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Racismo nas palavras Otto Lara Resende
“(...) O racismo é de fato uma praga. (...) Palavras e expressões em todas as línguas escondem silenciosos rancores.”
Compartilhe frases contra o racismo e mude velhas atitudes!
Quantas vezes não usamos expressões carregadas de preconceito e racismo e nem nos damos conta? Elas estão tão presentes no nosso dia a dia e são tão amplamente repetidas que nem refletimos sobre como reproduzem o racismo estrutural que a sociedade brasileira vive. Muitas pessoas acreditam que este país não seja racista. Se assim fosse, por que precisaríamos ainda de um Dia da Consciência Negra? Vamos refletir sobre isso e evitar expressões que reproduzem a opressão branca ou elitista.
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Vítima culpada Leon Eliachar“É a televisão, é a turma do ‘deixa disso’, é o Pelé, todo mundo tem um monte de conselho pro negão atingido com xingamentos racistas, todos dizem que ele exagera, se vitimiza, pega pesado.”
Quando o racismo fica visível, logo se busca uma forma de justificá-lo, atribuindo-se à vítima a culpa pelo delito. Surge um antecedente, um agravo anterior da vítima, como se o que sofreu fosse o resultado de um jeito ruim de ela ser. A opressão é dissimulada, há uma inversão de valores, provocando mais invisibilidade social e silenciamento para outros atos. Afinal, a vítima está exposta negativamente. Há empatia com o racista e reforço do preconceito.
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Rótulos Machado de Assis“(...) apontei ainda outros escravos, alguns com os mesmos nomes, distinguindo-se por um apelido, ou da pessoa, como João Fulo, Maria Gorda, ou de nação como Pedro Benguela, Antônio Moçambique…”
Conheça as ideias do escritor em frases de Machado de Assis
O racismo vem refletido na nossa sociedade desde a escravidão. A opressão dos brancos se mostra até nas sutilezas e de forma arraigada, já determinando o não direito da pessoa preta em ser indivíduo e ser humano. Vem camuflando o preconceito, no que se constitui a preservação dessa opressão. O “apelido” funciona como um rótulo e dá margem a outros. Por isso, é hora de eliminarmos todo e qualquer rótulo atribuído aos negros. Vamos mudar esse comportamento!
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