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Escritoras que a literatura não soube valorizar

A literatura sempre foi lembrada em sua maioria pelos homens, mas na realidade, muitas mulheres também participaram ativamente desse movimento. Confira mulheres exemplares que infelizmente a literatura não soube valorizar.

Maria Lacerda de Moura (1887-1945)

Maria Lacerda de Moura nasceu em Minas Gerais, em 1945, e ficou marcada por seus textos e relatos feministas. Além de escritora, Maria Lacerda foi militante política, educadora e jornalista.

Aos 27 anos, Maria Lacerda começou a estudar diversos assuntos, até que passou a lutar pelos direitos da mulher. Porém, seu discurso era focado principalmente na posição da mulher no trabalho, denunciando a opressão das operárias e a exploração trabalhista da época.

Na obra Religião do amor e da beleza (1926), ela defende que as mulheres só poderiam ser livres para amar quando não fossem mais submetidas a constrangimentos financeiros de seus maridos e familiares.

A autora também se destacou por livros como A fraternidade na escola (1922), Civilização, tronco de escravos (1931), Serviço militar obrigatório para a mulher? Recuso-me… (1993) e O Silêncio (1994).


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Zélia Gattai (1916-2008)

Zélia Gattai Amado de Faria nasceu em São Paulo, em 1916. Filha de imigrantes italianos, Zélia participou, desde jovem, do movimento político-operário anarquista, que contava com o apoio de imigrantes italianos, espanhóis e portugueses. Zélia se casou aos vinte anos, mas o casamento terminou em pouco tempo. Seu segundo e mais longo relacionamento foi com o escritor Jorge Amado, com quem viveu por 56 anos.

Diferente das obras do marido, o legado literário de Zélia é relativamente desconhecido.

Seus ideais comunistas estiveram sempre presentes em suas obras. A publicação Anarquistas, Graças a Deus (1979) foi sua obra mais conhecida. Depois, ela ainda foi responsável pelo livro de memórias Um Chapéu para Viagem (1982), Jardim de Inverno (1988), o infantil Pipistrelo das Mil Cores (1989) e o romance Crônica de uma Namorada (1995). Em 2001, com a morte de Jorge Amado, Zélia passou a ocupar uma cadeira da Academia Brasileira de Letras.


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Maura Lopes Cançado (1929-1993)

Maura Lopes Cançado nasceu em 1929, no interior de Minas Gerais. Desde criança, ela já tinha uma forte disposição a criar histórias e fábulas e, aos 22 anos, começou a publicar contos no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã. O livro publicado mais marcante de Maura foi O Hospício é Deus (1965), escrito enquanto ela estava internada no Centro Psiquiátrico Nacional — atual Instituto Nise da Silveira.

Maura sofria de esquizofrenia e foi a primeira escritora no Brasil a abordar e denunciar os antigos hospitais psiquiátricos no país. E, mesmo durante o período de internação, a autora continuou tendo seus contos publicados pelo Jornal do Brasil.


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Maria Firmina dos Reis (1825-1917)

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 1825. Filha bastarda, ela foi criada por uma tia materna. Ainda jovem, Maria Firmina se tornou professora de primeiras letras na cidade de Guimarães, MA, ao mesmo tempo em que seguia publicando contos e crônicas na imprensa local.

Aos 34 anos, ela lançou sua obra mais marcante, Úrsula (1859), o primeiro romance abolicionista brasileiro e, ainda, a primeira obra afro-brasileira de nossa história. No livro, Maria Firmina demonstra toda a sua insatisfação com a condição da mulher negra no Brasil das décadas de 50 e 60.

Já nos anos 80, ela foi responsável pela fundação da primeira escola mista e gratuita do Estado, que acabou fechada por causar espanto no povoado de Maçaricó. A escritora, durante toda sua vida, lutou pelos direitos dos negros e das mulheres. Maria Firmina dos Reis ainda foi a compositora do Hino da Abolição da Escravatura.


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Ana Cristina Cesar (1952-1983)

Ana Cristina Cruz Cesar nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. Poeta, ensaísta e tradutora, ela começou a carreira ainda jovem. Aos sete anos, teve seus primeiros poemas publicados no jornal Tribuna da Imprensa. Estudou em Londres, retornou ao Brasil e ingressou na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Participou intensamente do movimento da poesia marginal e colaborou com publicações importantes no país, como Jornal do Brasil e Folha de S. Paulo.

Seu primeiro livro de poesias foi lançado em 1979, Cenas de abril. Em seguida, Ana Cristina Cesar publicou Correspondência Completa (1979), uma carta ficcional e Luvas de Pelica (1980). Em 1982, a TV Globo lançou A Teus Pés.

Seus textos continham características marcantes dos poetas marginais, como um tom coloquial parodiano e o discurso confessional.


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Orides Fontela (1940-1988)

Orides de Lourdes Teixeira Fontela nasceu em 1940, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Foi uma poetisa brasileira contemporânea que começou sua carreira com a publicação de versos no periódico local O Município.

Ao longo de sua carreira, Orides Fontela foi responsável por obras como Transposição (1969), Helianto (1973) e Alba (1983), que recebeu o Premio Jabuti de Poesia do mesmo ano.

A escritora também foi consagrada com um premio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo livro Teia (1996), que contém poemas bastante coloquiais, mas que passam longe das facilidades expressivas da língua portuguesa. E, mesmo depois de sua morte, Orides foi homenageada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural, em 2007.


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Rachel de Queiroz (1910-2003)

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, CE, em 1910. Além de escritora, Rachel foi jornalista, cronista política e dramaturga.

Rachel tinha um talento nato para romances e tem obras muito relevantes de ficção social nordestina. Ela foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, a primeira a ganhar o Prêmio Camões e ainda foi integrante da Academia Cearense de Letras.

Sua estreia na imprensa foi sob o pseudônimo de Rita de Queluz, com crônicas e poemas modernistas no jornal O Ceará. Depois, Rachel de Queiroz lançou seu primeiro romance, em folhetim, História de um Nome (1925). Ficou conhecida na época pela obra O Quinze (1927), história que aborda a seca e a miséria nordestinas. Em sua biografia literária, também deixou os romances As Três Marias (1939), Dôra, Doralina (1975), Memorial de Maria Moura (1992), e a autobiografia Não me deixes: suas histórias e sua cozinha, memórias gastronômicas (2000).


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Narcisa Amália (1856-1924)

Narcisa Amália nasceu em 1856, em São João da Barra, no Rio de Janeiro. Ela foi uma grande mobilizadora dos direitos sociais, dialogando sobre a opressão à mulher e a sociedade escravocrata. Narcisa também foi a primeira mulher, no Brasil, a ter o jornalismo como profissão. Em 1884, Narcisa fundou o jornal “o Gazetinha”, onde divulgava seus textos e publicações em defesa dos oprimidos.

Quando completou 20 anos, Narcisa escreveu seu primeiro livro, Nebulosas (1872), sua única obra de poesias. Os textos traziam fortes características românticas, sempre com discursos de exaltação da natureza, patriotismo e memórias de infância.

Antes de falecer, Narcisa ainda escreveu Nelúmbia (1874) e A mulher do século (1882).


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Nísia Floresta (1810-1885)

Batizada como Dionísia Pinto Lisboa, Nísia Floresta foi uma escritora nascida no Rio Grande do Norte, em 1809. Além de escritora e poetisa, Nísia também foi educadora. Ela governou um colégio só para meninas no Rio Grande do Norte e, posteriormente, fundou o Colégio Brasil e Colégio Augusto, ambos conhecidos pelo ensino de excelência.

Nísia começou sua carreira literária com a publicação de uma série de artigos sobre a condição feminina na sociedade num jornal Pernambucano. Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1832) foi seu primeiro livro publicado e a primeira obra no Brasil a tratar dos direitos femininos à instrução e ao trabalho.

Com a publicação, Nísia se tornou a precursora do feminismo no Brasil e lançou outras obras muito relevantes, como Conselhos a minha filha (1842), Opúsculo humanitário (1853) e A Mulher (1859).


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Carolina de Jesus (1914-1977)

Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, numa comunidade rural de Minas Gerais. Com os custos pagos por um fazendeiro rico da região, Carolina de Jesus foi alfabetizada, mesmo frequentando a escola por apenas dois anos. Quando se mudou para São Paulo, Carolina foi morar na favela do Canindé. Lá, ela passou a relatar, em diários, seu cotidiano na comunidade. Os textos abordam desde sua rotina como catadora de lixo até referências religiosas da Igreja Católica. Ao todo, a autora deixou mais de 20 cadernos com testemunhos sobre a vida na favela. Todas essas anotações descreviam, com precisão, os fatos sociais e políticos da comunidade e mostravam que o desespero pode levar pessoas boas a tomar atitudes inesperadas.

Seus manuscritos originaram três edições do livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), que foram traduzidos para 13 idiomas e vendidos para mais de 40 países.


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Gilka Machado (1893-1980)

Gilka Machado nasceu no Rio de Janeiro, em 1893, e cresceu rodeada de familiares artistas. Ela fez versos desde criança e ganhou seu primeiro concurso literário aos 13 anos.

Teve seu primeiro livro publicado com 22 anos, Cristais Partidos (1915), e depois lançou obras como Estados d’Alma (1917), Mulher Nua (1922) e Meu Glorioso Pecado (1928).

Na década de 30, alguns poemas de Gilka Machado foram traduzidos para o espanhol e a popularidade da escritora aumentou. Depois, ainda ganhou o concurso da revista O Malho e foi considerada a maior poetisa brasileira, entre 200 outras intelectuais.

Em sua carreira, Gilka ainda negou o convite para ser a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, mas ganhou, em 1979, o prêmio Machado de Assis pela publicação de Poesias Completas.


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Júlia Lopes de Almeida (1862-1934)

Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida nasceu no Rio de Janeiro, em setembro de 1862, e foi a pioneira da literatura infantil no país. Contos Infantis (1886) foi sua primeira obra publicada, que reunia 60 textos voltados aos pequenos. Nos anos seguintes, Júlia publicou diversos livros, como Traços e Iluminuras (1887), seu primeiro romance, nsia Eterna (1903) e A Casa Verde (1932).

Em suas obras literárias, sempre esteve presente a preocupação com a realidade feminina na época, tratando temas como a minimização das mulheres na sociedade e o descaso pela educação feminina. Júlia Lopes de Almeida, frequentemente, também introduzia em seus textos ideias abolicionistas e denúncias ao sistema escravocrata.

Júlia se tornou uma grande escritora na época e chegou a fazer parte do grupo de idealizadores da Academia Brasileira de Letras. Porém, na primeira reunião da ABL, o nome de Júlia foi excluído da lista dos 40 “imortais” que fundariam a instituição. O motivo? Os outros integrantes decidiram manter na entidade apenas os homens.


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