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Frases de Camões

Nascido por volta de 1524, Camões veio de uma família da pequena nobreza, de origem galega. Ele possui obras que o coloca a altura dos grandes poetas do mundo, o poema "Os Lusíadas" é o mais famoso e divide-se em dez cantos repartidos em oitavas.

Verdes são os campos Luís Vaz de Camões

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


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Amor Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


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Amador Luís Vaz de Camões

Transforma-se o amador na cousa amada.


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Inveja Luís Vaz de Camões

Onde há inveja, não há amizade.


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Famosos que faleceram dia 10 de Junho

Onde acharei lugar tão apartado Luís Vaz de Camões

Onde acharei lugar tão apartado
E tão isento em tudo da ventura,
Que, não digo eu de humana criatura,
Mas nem de feras seja frequentado?

Algum bosque medonho e carregado,
Ou selva solitária, triste e escura,
Sem fonte clara ou plácida verdura,
Enfim, lugar conforme a meu cuidado?

Porque ali, nas entranhas dos penedos,
Em vida morto, sepultado em vida,
Me queixe copiosa e livremente;

Que, pois a minha pena é sem medida,
Ali triste serei em dias ledos
E dias tristes me farão contente.


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Amor, que o gesto humano na alma escreve Luís Vaz de Camões

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.


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Qual tem a borboleta por costume Luís Vaz de Camões

Qual tem a borboleta por costume,
Que, enlevada na luz da acesa vela,
Dando vai voltas mil, até que nela
Se queima agora, agora se consume,

Tal eu correndo vou ao vivo lume
Desses olhos gentis, Aónia bela;
E abraso-me por mais que com cautela
Livrar-me a parte racional presume.

Conheço o muito a que se atreve a vista,
O quanto se levanta o pensamento,
O como vou morrendo claramente;

Porém, não quer Amor que lhe resista,
Nem a minha alma o quer; que em tal tormento,
Qual em glória maior, está contente.


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Mudanças Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.


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Ano novo Luís Vaz de Camões

Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos.


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Partido Luís Vaz de Camões

O amor é um só, não pode ser partido.


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Coisas impossíveis Luís Vaz de Camões

Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las.


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Glória Luís Vaz de Camões

À constância se deve toda a glória.


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Verdadeira afeição Luís Vaz de Camões

A verdadeira afeição na longa ausência se prova.


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Quando me quer enganar Luís Vaz de Camões

Quando me quer enganar
A minha bela perjura,
Pera mais me confirmar
O que quer certificar,
Pelos seus olhos mo jura.
Como meu contentamento
Todo se rege por eles,
Imagina o pensamento
Que se faz agravo a eles
Não crer tão grão juramento.

Porém, como em casos tais
Ando já visto e corrente,
Sem outros certos sinais,
Quanto me ela jura mais,
Tanto mais cuido que mente.
Então, vendo-lhe ofender
Uns tais olhos como aqueles,
Deixo-me antes tudo crer,
Só pela não constranger
A jurar falso por eles.


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Alma minha gentil, que te partiste Luís Vaz de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


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Se me vem tanta glória só de olhar-te Luís Vaz de Camões

Se me vem tanta glória só de olhar-te,
Fé pena desigual deixar de ver-te;
Se presumo com obras merecer-te,
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Sei certo por quem sou que hei-de ofender-te;
Se mal me quero a mim por bem querer-te,
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No mundo quis o Tempo que se achasse Luís Vaz de Camões

No mundo quis o Tempo que se achasse
O bem que por acerto ou sorte vinha;
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Que nem ter esperanças me convinha,
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Cousa me deixou ver que desejasse.

Mudando andei costume, terra e estado,
Por ver se se mudava a sorte dura;
A vida pus nas mãos de um leve lenho.

Mas, segundo o que o Céu me tem mostrado,
Já sei que deste meu buscar ventura
Achado tenho já que não a tenho.


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