Frases de Pagu
Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu, foi escritora e desenhista. Teve grande destaque no movimento modernista e deixou um legado recheado de ideias, histórias, arte e muita literatura e teatro.
Amor PaguLembro minha submissão absoluta. Não ao homem. Ao amor.
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Atropelo PaguAs espadas dos cavalarianos gargalham nas costas e nas cabeças dos trabalhadores irados. Eles só têm os braços algemados para se defender. Os grevistas se amassam nas patas dos cavalos. Recuam. Tiros, chanfalhos, gases venenosos, patas de cavalo. A multidão torna-se consciente, no atropelo e no sangue.
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Bondade e beleza PaguNa nebulosa da infância, a sensitiva já procurava bondade e beleza. Mas a bondade e a beleza são conceitos do homem. E a menina não encontrava a verdade e a beleza por onde procurava. Talvez porque já caminhasse fora dos conceitos humanos.
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Vanguarda PaguPrimeiramente, uma invenção da linguagem. A norma descritiva do escritor considerado de vanguarda é uma pesquisa no sentido de dar intensidade, de estabelecer surpresa, de qualificar em profundidade os episódios e as figuras, as relações e as coisas. A originalidade, portanto, mas uma originalidade que não seja feita de originalidade apenas – uma originalidade orgânica, funcionando, muitas vezes, em consonância rítmica e fonética mesmo, com as coisas narradas...
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Poetas PaguÉ uma necessidade conversar com os poetas. E se os poetas morrerem, provocarei os mortos, as flores do mal que estão na minha estante.
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Nada PaguNada, nada, nada,
Nada mais do que nada,
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas.
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava.
Um cão rosnava na minha estrada.
Abri meu abraço aos amigos de sempre;
Poetas compareceram,
Alguns escritores,
Gente de teatro.
Birutas no aeroporto...
E nada!
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Crime PaguEsse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre.
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Rua PaguO grito possante da chaminé envolve o bairro. Os retardatários voam, beirando a parede da fábrica, granulada, longa, coroada de bicos. Resfolegam como cães cansados, para não perder o dia. Uma chinelinha vermelha é largada sem contraforte na sarjeta. Um pé descalço se fere nos cacos de uma garrafa de leite. Uma garota parda vai pulando e chorando alcançar a porta negra. O último pontapé na bola de meia.
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Sonhe PaguTenha até pesadelos, se necessário for, mas sonhe.
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Filhos PaguNós não podemos conhecer os nossos filhos! Saímos de casa às seis horas da manhã. Eles estão dormindo. Chegamos às dez horas. Eles estão dormindo. Não temos férias! Não temos descanso dominical!
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Corpo PaguQuando eu morrer, não quero que chorem a minha morte; deixarei meu corpo pra vocês.
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Leitura PaguÉ importante que se mantenha o hábito da leitura, de educar literalmente, estabelecendo no leitor juízos avaliadores daquilo que está lendo ou daquilo que queira ler.
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Literatura PaguÉ preciso ter livros, ler livros, procurar livros, trocar livros, emprestar livros... A tarefa essencial de uma cidade que cultua a inteligência, de uma cidade que aspira a uma posição, é a de manter e cultivar o gosto pela literatura.
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Não atirem PaguSoldados, não atirem contra seus irmãos!
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Libertação PaguA libertação do homem é o primeiro objetivo de toda a literatura que se considere de vanguarda.
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Desabafo PaguEu tinha consciência, sim, de que estava me prostituindo, e parecia-me que não era obrigada a isso. Uma palavra só e tudo terminaria ali. Mas eu me deixava levar sem coragem para reagir. Qualquer coisa me imobilizava e sentia que me deixava arrastar pela impotência. Gritava mentalmente contra minha inutilidade e minha falta de resistência. Ridicularizei intimamente o que queria fazer passar por fatalidade. Eu me deixava arrastar estupidamente e continuei.
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Em branco PaguSe eu ainda tivesse unhas, enterraria meus dedos nesse espaço em branco que ainda resta.
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Teatro PaguPreferimos a vanguarda porque ela visa corrigir os vícios e os hábitos de se assistir teatro normal, teatro repetido, teatro que deixa espectador e atores indiferentes. Preferimos aqueles momentos capazes de sacudir o sono do mundo, como lembrava, certa vez, o velho mestre Sigmund Freud. Pois que o mundo dorme.
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Sem temor PaguO escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com germens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos.
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