Ana Maria Machado
Versos sutis e uma poesia doce. Ana Maria Machado presidente da Academia Popular de Letras é além de poeta, professora e jornalista. Destacou-se ao escrever poemas para a criançada.
A gente é feliz Ana Maria MachadoA gente é feliz, representa uma espécie de ameaça para os outros, como se estivéssemos dizendo que somos mais competentes do que eles em matéria de construir felicidade. E o que neguinho faz para destruir isso não é brincadeira, você nem ia acreditar se a gente contasse…
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Estrelas Ana Maria MachadoSão cinco pontas
Cinco destinos
areias tontas
de desatinos
Cinco sentidos
Cinco caminhos
Grãos tão moídos
Mares moinhos
Estrela guia
em pleno mar
outra Maria
a me chamar.
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Ponto a Ponto Ana Maria MachadoEra uma vez uma voz.
Um fiozinho à-toa. Fiapo de voz.
Voz de mulher. Doce e mansa.
De rezar, ninar criança, muitas histórias contar.
De palavras de carinho e frases de consolar.
Por toda e qualquer andança, voz de sempre concordar.
Voz fraca e pequenina. Voz de quem vive em surdina.
Um fiapo de voz que tinha todo o jeito de não ser ouvido.
Não chegava muito longe. Ficava só ali mesmo, perto de onde ela vivia.
Um pontinho no mapa.
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Onde trama sua renda
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Tropical Sol da Liberdade Ana Maria MachadoLena olhava a mãe à distância, quase espiando, disfarçada, e imaginava: se conseguisse ficar boa, se em algum momento voltasse a escrever, se finalmente desovasse a peça sobre o exílio, se desse certo, se Luís Cesário tivesse razão e ela fosse mesmo artista, se continuasse depois uma atividade de dramaturga... Enfim, se tudo isso acontecesse, talvez um dia fizesse um personagem parecido com sua mãe.
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Fiz Voar meu chapéu Ana Maria MachadoFiz voar o meu chapéu,
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O riacho foi embora,
nem reparou na Senhora.
A Senhora deu chilique,
quem salvou foi o cacique.
Cacique chamou Peri,
que pescava lambari.
Lambari fugiu ligeiro,
nem esperou marinheiro.
Marinheiro deu fricote,
saiu remando num bote.
O bote deu tremedeira,
despencou na cachoeira.
Cachoeira foi pro mar,
pela praia a se espalhar.
Se espalhou até o barraco
onde mora o Zé Macaco.
Macaco deu gargalhada
e chamou a namorada.
Lá veio dona Gabola,
de bolsa, xale e gaiola.
Mas a gaiola se abriu
e passarinho fugiu.
Voa, voa, passarinho,
vai de volta pro seu ninho…
No ninho os quatro filhotes
festejaram aos pinotes.
E cantaram numa banda,
no seu ninho com varanda.
Viva Peri, viva o Mico,
a Senhora e o Coronel!
Viva mais o tico-tico,
que fez ninho em meu chapéu!
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Era uma menina do seu tamanho Ana Maria MachadoE era sempre assim. Na hora de ir ajudar no trabalho da roça, ela era bem grande. Na hora de ir tomar banho no rio e nadar no lugar mais fundo, ela ainda era muito pequena. Na hora que os grandes ficavam de noite conversando no terreiro até tarde, ela era pequena e tinha que ir dormir. Na hora em que espetava o pé com um espinho e queria ficar chorando no colo de alguém, só com dengo e carinho, sempre dizia que já estava muito grande para ficar fazendo manha. Se ela tivesse um espelho mágico, que nem rainha madrasta da Branca de Neve, bem que podia perguntar:
- Espelho meu, espelho meu, que tamanho tenho eu?
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Menina Bonita do laço de fita Ana Maria MachadoAí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
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Canteiros de Saturno Ana Maria MachadoE lindas todas as duas...Amigas. Era isso:Amigas íntimas. E se divertiam juntas, davam gargalhadas, bebiam vinho para comemorar segredos guardados em envelopes.
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Aos quatro ventos Ana Maria MachadoGostava de soltar as ideias sem rédea enquanto sentia o vento e a imensidão.
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Balas, bombons e caramelos Ana Maria MachadoAndorinha no coqueiro,
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Andorinha vai e volta,
Meu amor não quer voltar.
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Infâmia Ana Maria MachadoMas pelo meio de todas essas mudanças, ele continuou trazendo seus pãezinhos para casa todos os dias na saída do trabalho. Até mesmo às sextas-feiras, quando comprava o pão em outra padaria, no meio do caminho, ao lado do bar, porque nesse dia ia primeiro encontrar os amigos para uma cervejinha na Glória e só chegava bem mais tarde, depois que a mãe se recolhia. Mas sabia que então Mabel o aguardava com uma sopa pronta para esquentar na hora em que viesse. Geralmente bem depois do fim da última novela.
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O amor que partiu Ana Maria Machado - Balas, bombons e caramelosSei que a andorinha está no coqueiro,
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